
Projetos
Destino:
Queimada dos Britos
Documentário
O registro do modo de vida de uma comunidade no Maranhão que tende a desaparecer, repleta de características arcaicas.

O Brasil é conhecido por muitas características mas, com certeza, suas belezas naturais é uma delas. Regiões mágicas como Fernando de Noronha, Canoa Quebrada, Chapada dos Veadeiros, Lençois Maranhenses atraem a curiosidade do mundo inteiro.
Uma delas nos atraiu de modo especial. Os Lençóis. Lá encontramos uma natureza arrebatadora e quase virgem e um povoado primitivo, com um modo de vida repleto de características arcaicas. Vivem da pesca e da pecuária, trocam seus produtos na economia de escambo. A comunicação é feita a cavalo ou a pé e a cidade mais próxima é Santo Amaro, que fica a seis horas de caminhada pelas dunas. Não existe nenhum meio de transporte coletivo. Alguns carros com tração conseguem chegar. Não tem luz elétrica nem água encanada. A comida é feita em fogão a lenha.
Nesse lugar vivem cerca de 200 pessoas. Todos da mesma família, casam entre si. O povoado existe desde o início do século XX, quando nasceu o patriarca, Manoel.
Queimada dos Britos, esse é o nosso destino. Vamos até lá para registrar como vivem, o que pensam, o que esperam do futuro. Como é seu dia a dia, as dificuldades, o trabalho, a criação dos filhos, a convivência com os turistas. Alguns moradores nunca saíram de lá. Não tem posto de saúde, nem escola. Agora, os jovens começam a estudar fora. Um dos destinos é Barreirinhas, que fica a 72 quilômetros da Queimada.
Todos dormem em redes e as casas são de pau-a-pique ou de palha. Como são construídas nas dunas, de quarto em quarto anos, elas são encobertas pela areia trazida pelos ventos. E os Britos se mudam, levando tudo que tem. Na mesma hora eles constroem uma outra casa mais adiante, dentro do próprio parque. Aliás, o vento é um importante personagem do nosso filme. Ele parece querer varrer do lugar aquela gente que construiu ali a sua história e resiste.
Com a chegada dos turistas, os Britos foram ganhando alguns vínculos com o mundo lá fora. O atual patriarca, Raimundo, e morador mais velho do oasis até ganhou, de um turista, um teto que capta energia solar e assim pode ligar o primeiro aparelho de TV. Motivo de festa para uns e de medo para outros. Vamos registrar o modo de vida dessa comunidade que tende a desaparecer. O progresso ainda não tem planos de transpor quilômetros de dunas mas é certo que uma hora ele vai chegar.
Marquinhos, terceira geração da família, será o nosso guia nessa expedição pela Chapada dos Britos. Ele tem 31 anos, é neto de Manuel. Nasceu na região e viveu na Queimada por muitos anos. Aprendeu a fazer tudo: pescar, cozinhar, construir casas, cuidar dos animais, ajudar o avô em tudo. Com a chegada dos turistas, virou guia e foi crescendo assim, solto. Um dia conheceu uma turista, se apaixonou e casou. Foi morar com ela no Rio, num prédio de 30 andares na Barra da Tijuca. Nunca tinha visto um prédio, nunca tinha andado de elevador, nem visto água saindo da torneira. Mas, dez anos depois de chegar ao Rio, não esquece do céu da sua terra. Todo ano, ele volta para matar a saudade e sonhar com o dia em que vai fazer o caminho de volta.
Roteiro e direção: Emilia Silveira
Co-produção: 70 Filmes