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Projetos

Belchior,
Coração Selvagem

Documentário

Projeto Belchior, Coração Selvagem

O documentário pretende remontar de forma afetiva um itinerário da vida e da obra do artista cearense Antônio Carlos Belchior – de Sobral até o autoexílio -, bem como abordar quem foi o homem Belchior fora dos palcos, distante de sua persona artística, investigando quais eram as suas aflições, pulsões de vida e de quais formas a arte e vida se entrelaçam em sua trajetória.

Para além das questões puramente biográficas, o filme pretende apresentar o afeto da obra do artista na vida das pessoas, exibindo através de uma narrativa poética, momentos em que a música de Belchior se fez presente, construindo memórias profundas e inserindo-se na música popular brasileira, em diálogo constante com sentimentos dos mais íntimos aos mais absolutos, que resistiram e transcenderam para além de sua própria geração.

 

Antônio Carlos Belchior traz na sola dos sapatos a poeira do Nordeste de todos os tempos. Nasceu no norte do Ceará, na cidade de Sobral no dia 26 de outubro de 1946. Signo de escorpião. Talvez pelas disposições dos astros no céu no momento do seu nascimento, o desejo incontrolável de dissipar a limpeza e a leveza da canção.

 

No ano de 1971, ano de ditadura militar, o sapato empoeirado caminha de Fortaleza até o Rio de Janeiro em busca de alguma fresta de sorte. Lá, fez de cama para dormir e sonhar a areia de Copacabana, bancos de praça, e casa de amigos.

 

De terras cariocas –  com os sapatos já gastos de tanto caminhar debaixo de sol e chuva na cidade do Rio de Janeiro – os pés de Belchior alcançam o concreto paulistano. O primeiro artista corajoso do ‘pessoal do Ceará’ a experimentar a solidão da grande cidade, onde os olhos estão sempre esquivos e o sertão distante.

 

O sotaque que ressoava – e ainda ressoa -  em pouquíssimos lugares de importância do país, contamina as ondas sonoras paulistanas e do país. Belchior é o nome dele. O gosto de cimento e fumaça da grande cidade dilui-se pela música salgada banhada de mar do compositor. Um mar pesado que invade, destrói e provoca a estética de tudo.

 

O que fazer quando não se cabe na própria vida, no próprio corpo, na própria alma ou na própria canção? Onde estão as repostas, as vias, as saídas quando não há evasões razoáveis que respeitem os desejos e as velocidades? Talvez na ausência.

 

Belchior parece ser feito de buscas intermináveis. Faz da existência um lugar grandioso demais para deixar-se um deserto árido. Ainda não há superfície que abrigue o deslugar, a pulsação e a intensidade de um homem como Belchior. Perder-se no mundo foi o único jeito de se encontrar. Ainda que ele continue perdido.

Direção: Marcus Fernando

Argumento: Juliana Magalhães Antunes

Roteiro: Marcus Fernando e Juliana Magalhães Antunes

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